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No mundo do marketing, bicho também é gente


Quando eu era acadêmica de Jornalismo, lembro de ter ouvido em alguma palestra dos “criativos” da Publicidade que uma das fórmulas garantidas de vendas era a associação de crianças e animais nas propagandas. Se fosse cachorro, melhor ainda. Era início dos anos 90, a publicidade vivia seus tempos áureos na televisão. O comercial da Cofap com o famoso cãozinho dachshund fez tanto sucesso que até hoje a raça é associada à marca de autopeças.

YouTube, Netflix e redes sociais não existiam nem em projeto naquela época. Aliás, internet era ferramenta de guerra – no termo literal da coisa, de tão exclusiva e restrita que era. Celular, para as poucas pessoas que ousavam carregar o “tijolão”, era um aparelho de comunicação, uma nova modalidade do telefone sem fio. Só que muito caro e que não funcionava em qualquer lugar.

Mas aquela frase sobre os cães e as crianças ficou na minha cabeça e nunca mais saiu. Fiquei imaginando os desafios da equipe de produção para domesticar as feras – ambas, e tenho autoridade no assunto crianças e cães para falar – e chegar ao resultado final necessário para apresentar ao cliente.

Passados alguns anos e mãe de dois filhos pequenos, passei a compreender melhor esse universo animal, no mais amplo sentido da coisa.

Meu filho mais velho, Rafael, tem 6 anos e afirma em alto e bom som que foi “criado pela Galinha Pintadinha”. Claro que é uma forma divertida dele lembrar que era um fã inveterado da “popó azul” que já tem mais de 13 milhões de inscritos no YouTube e seus vídeos somam mais de 200 milhões de visualizações.

Hoje, a bizarra avezinha da Bromélia Produções, com tons atípicos para um galináceo, já conta com três canais oficiais em português e seis internacionais, além de série de tevê e um monte de brinquedos e produtos que levam a marca. Meu sobrinho Heitor, de um ano e meio, sabe todas as coreografias, mesmo com minha irmã insistindo que ele só pode ouvir Palavra Cantada e outros “cults infantis” dentro de casa.

Com o Rafa em outro momento de sua vida cultural e com gostos bem variados, agora estou descobrindo outro lado da fauna com o Augusto, de 4 anos: a tal da Patrulha Canina, transmitida pela Nickelodeon. O desenho é bonitinho, ainda mais para os “cachorreiros” como eu. E as crianças ficam viciadinhas nos peludos salvadores. Chase, Tracker, Marshall, Rocky, Zuma, Rubble, Everest e Skye liderados por Ryder, um menino de 10 anos.

Os filhotes em pelúcia acompanham o Augusto pra cima e pra baixo. E ele entra em desespero se perde qualquer um de vista. No arsenal de brinquedos caninos, o labrador marrom Zuma é o que tem maior cotação.

As ferramentas e recursos de comunicação podem ter mudado e evoluído ao longo dos anos. Mas algumas mensagens e estratégias continuam sendo aposta certa.

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